O caçador de ventos

I

O vento voa e passa pelas mais diversas superfícies
Oscilando de forma simplesmente adaptável,
Mas com o seu próprio objectivo.

Entregar o ar que as árvores tão carinhosamente produzem
Para que todos possam acordar todos os dias
A respirar esse primeiro alimento que receberam
No dia em que nasceram.

Que o dia em que o primeiro alimento da vida
Tenha de ser o ultimo, seja longínquo...
Pois há necessidade de contemplar e descobrir novos ventos...


II

O caçador de vento não procura prender o passado, mas viver o momento.
Mais ou menos realisticamente não é importante,
Desde que não se esqueça quem é, vivendo o presente.

A melhor forma que encontrar é
a melhor visão que tiver do futuro.
Por isso o “caça” dizem eles.
Acusam-no de imaturo.


III

Só sabe por onde
O vento anda ou passa...

Com isso aprende a ver e observar
A coreografia da natureza perante a passagem
Do seu primeiro alimento em movimento.
para aprender um pouco mais
daquilo que sabe no presente.


IV

(há uma infinidade de seres invisíveis)
Tal como o vento,
Com mensagens a transmitir.
Através do vento aprende a os ouvir.

Para libertar-se e aos outros
Para que quem envia as mensagens
Também se possa libertar.


V

Entretanto vai convivendo, socializando “quer se dizer”
E enquanto mais próximo estiver
De um estado de consciência
Em comum com outros caçadores de vento
Mais ou menos experientes,
Tudo acontece
por inúmeros acontecimentos coincidentes.

Sem palavras nos conceitos mais puros
E com um entendimento mutuo.

Parece que, à medida que vão caminhando juntos
Alguém põe as coisas certas nos lugares por onde passam...
Coisas que só os caçadores de ventos podem entender.

É esse o prazer de andar ao sabor do vento.


VI

não queres ceder
a formas primitivas de existir...
só tens de continuar a seguir
ao sabor dos ventos...

Mas sem perder os teus ideais.
assim serás uma forma mais evoluída
da versão que te inspirou.
a versão dos teus pais.


Comentários

Anónimo disse…
Caro João,
É com um sentimento que me apraz que te volto a abordar.
Li os teus poemas em espanhol... Aliás, esforcei-me por ler, pois não compreendo a língua de nuestros irmanos, mas achei os seus meandros esteticamente sublimes.
Quanto a este conjunto de versos - se assim lhe posso designar -, é deveras encantador, pois fala do vento que sopra sobre as copas das árvores e outras manifestações puramente recriadas pela Natureza; e do «caçador de ventos» que é uma alusão àqueles que procuram um sopro de verdade e valor nessa criação divina.

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