O caçador de ventos
O vento voa e passa pelas mais diversas superfícies
Oscilando de forma simplesmente adaptável,
Mas com o seu próprio objectivo.
Entregar o ar que as árvores tão carinhosamente produzem
Para que todos possam acordar todos os dias
A respirar esse primeiro alimento que receberam
No dia em que nasceram.
Que o dia em que o primeiro alimento da vida
Tenha de ser o ultimo, seja longínquo...
Pois há necessidade de contemplar e descobrir novos ventos...
II
O caçador de vento não procura prender o passado, mas viver o momento.
Mais ou menos realisticamente não é importante,
Desde que não se esqueça quem é, vivendo o presente.
a melhor visão que tiver do futuro.
Por isso o “caça” dizem eles.
Acusam-no de imaturo.
III
Só sabe por onde
O vento anda ou passa...
A coreografia da natureza perante a passagem
Do seu primeiro alimento em movimento.
para aprender um pouco mais
daquilo que sabe no presente.
(há uma infinidade de seres invisíveis)
Tal como o vento,
Com mensagens a transmitir.
Através do vento aprende a os ouvir.
Para libertar-se e aos outros
Para que quem envia as mensagens
Também se possa libertar.
V
Entretanto vai convivendo, socializando “quer se dizer”
E enquanto mais próximo estiver
De um estado de consciência
Em comum com outros caçadores de vento
Mais ou menos experientes,
Tudo acontece
por inúmeros acontecimentos coincidentes.
E com um entendimento mutuo.
Parece que, à medida que vão caminhando juntos
Alguém põe as coisas certas nos lugares por onde passam...
Coisas que só os caçadores de ventos podem entender.
VI
não queres ceder
a formas primitivas de existir...
só tens de continuar a seguir
ao sabor dos ventos...
Mas sem perder os teus ideais.
assim serás uma forma mais evoluída
da versão que te inspirou.
a versão dos teus pais.
Comentários
É com um sentimento que me apraz que te volto a abordar.
Li os teus poemas em espanhol... Aliás, esforcei-me por ler, pois não compreendo a língua de nuestros irmanos, mas achei os seus meandros esteticamente sublimes.
Quanto a este conjunto de versos - se assim lhe posso designar -, é deveras encantador, pois fala do vento que sopra sobre as copas das árvores e outras manifestações puramente recriadas pela Natureza; e do «caçador de ventos» que é uma alusão àqueles que procuram um sopro de verdade e valor nessa criação divina.