semente

sobre a mão se encontra,
sobre a estrada do tempo se extende.

depois de descoberta e contemplada sua existência
pela curiosidade de seu inerte potencial,
é introduzida em solo supostamente fértil.

(será que lhe pus água a mais?
demasiado alimento?
aguardo... o meu papel está feito.)

um origami, uma borboleta,
um poema com a função
de fazer uma flor crescer.

minha impaciência...
por vezes desejo ser um boneco de palha
para que a veja nascer.

simplesmente terei de aguardar...
já não procuro solos para semear.
neste momento semeio
em qualquer que me apreça.

... são muitas sementes espalhadas por solos incompatíveis.

crio sementes e carinhosamente as introduzo
no meio que me inspira ao cheiro de flor
antecipadamente percepcionado
durante o tempo por onde vagueio.

o cheiro de flor é teu
eu sou a borboleta que pousa no teu pólen
rodeado pelas pétalas que oscilam consoante o meu peso
e o sopro do vento.

flores há tantas...
borboletas também...

não te quero só para mim
quero tocar-te todos os dias como o ar que respiras
e de vez em quando fazer toque mais arrojado
como o vento quando sopra o ar na tua direcção.

mas não quero ser invisível.
sou simplesmente um fiel jardineiro.

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